segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Ricky não perdoa, mas paga como Maradona


Ricky van Wolfswinkel não é um homem de apostas por definição. Com ele, a conversa é mais sobre golos, mas o avançado holandês do Sporting foi a Famalicão mostrar que não foge de um desafio particular quando o vício do jogo se mistura dentro do relvado com a iminência de mais um tento, tudo provocado pelo arrojo adversário. É que se soube que Rui Forte, guarda-redes que só não defendeu o impossível no Municipal 22 de Junho, fez uma aposta com o nove leonino segundos antes de este bater a grande penalidade que começaria a desembrulhar o presente da vitória aos leões, que a custo seguiram em frente na Taça. Sem dólares à mistura, lembrou a aposta entre Ivkovic e Maradona, há 22 anos, em pleno San Paolo num famoso Nápoles-Sporting. Anteontem, o valor era mais prosaico: quem falhasse teria de dar a sua camisola - e desta vez, ao contrário de 1989, foi o jogador de campo a levar a melhor sobre o "keeper", mas Ricky pagou como Dieguito. Depois de acertar no fundo das redes e repetir a dose mais tarde de cabeça, o leão que nos últimos sete jogos feriu oito vezes a baliza adversária foi dar um abraço ao adversário de liga inferior e ofereceu-lhe uma sua camisola - a que usou no jogo já ficara nas mãos da Torcida Verde.

Emocionado, Rui Forte conta tudo, entre rasgados elogios a Wolfswinkel. "Já sou suspeito para falar dele. Foi um gesto como há muito não assistia no futebol", diz o guardião nortenho do fundo dos largos anos de experiência desde que em 1998 despontou no Gil Vicente. Rui Forte recorda o episódio: "Quando o Wolfswinkel chegou para marcar a grande penalidade, fui ao pé dele e disse-lhe que ia defender. Ele sorriu e respondeu que não. Isso não iria acontecer. Logo ali lembrei-me de apostar que quem perdesse tinha de entregar a camisola. Ele aceitou, converteu e eu perdi. Fiquei de lhe dar a minha, claro", recorda. Antes e depois, o camisola 29 da casa e o nove forasteiro travaram um diálogo interessante, com o "keeper" do Famalicão a negar como pôde os intentos do mortífero holandês, que da marca de 11 metros e num golpe de cabeça preciso atirou os nortenhos para fora da Taça de Portugal. Rui Forte, que em Barcelos chegou a ser suplente de Vital, hoje treinador de guardiães leoninos, revela que enquanto procurava no seu modesto vestiário uma camisola para dar a Wolfswinkel, este voltou a antecipar-se-lhe e apareceu com uma sua: "A minha equipa deu tudo o que tinha e dignificou um espectáculo bonito de Taça, mas não esperava o que se passou no final. O Wolfswinkel apareceu com uma camisola nova porque tinha dado a primeira a uma claque e ainda me disse que eu tinha estado muito bem, deu-me os parabéns. Isto mostra que um craque não o é só dentro de campo. É uma atitude de alguém cinco estrelas, de um bom desportista e um bom ser humano."

Pese a tal advertência de suspeita no início da conversa, Rui Forte é frio e objectivo na análise futebolística: "Há muito tempo que o Sporting não tinha um ponta-de-lança com estas características. É alto, frio, não se deixa intimidar, sabe explorar o espaço e é prático a finalizar. Está a justificar plenamente o que custou, desfez as dúvidas iniciais e é daqueles que não enganam. Como guarda-redes, posso dizer que vi ali um jogador com escola, inteligente, que usa muito bem as armas que tem. Vai ter sucesso."

1 comentário:

  1. Boas..
    Sou leitor do teu blog e só tenho que te dar os parabéns em relação á maioria dos post's. No entanto e em relaçao a esta noticia, porquê no final não por simplesmente "Fonte: O Jogo". O facto de não o mencionares, fica mal, além de descredibiliza o teu blog.
    Continua com os TEUS post's, que é por isso que pelo menos eu visito o blog.
    Força SPORTING

    ResponderEliminar