Pontapé na crise

"Ou Godinho Lopes é um ícaro que se vai estatelar ou o Sporting tem sido gerido por minotauros. Porque o plano de crescimento de receitas que o clube programou só é possível se já o era antes - e foi portanto desperdiçado.

Os prejuízos de 46 milhões de euros revelados há dias estavam previstos, como previsto está ainda um prejuízo para o ano que agora começou. Mas está anunciado um resultado operacional positivo para o ano operacional positivo para o ano seguinte. Se as receitas crescerem crescerem nada menos que 40%. Passando de 50 para 70 milhões, com mais direitos de transmissão televisivos, venda de camisolas, patrocínios, formação e quotas. Sem depender, portanto, de vendas de jogadores.

Os detalhes do plano são explicados no Jornal de Negócios, que sublinha o ponto de partida assustador. Por um lado, a situação financeira faz com o Sporting tenha pago 150 milhões só em juros desde a construção do estádio, sem reduzir um só cêntimo da dívida bancária. Por outro lado, o problema económico leva a que todos os meses as receitas não cheguem para pagar os custos. Para resolver o primeiro problema, procura-se investidor financeiro, que entre com um cheque gordo que há-de ir quase todo diretamente para o banco. Para equilibrar as contas de exploração, conta-se com o aumento das receitas, que inclui um programa de angariação de novos sócios, que arrancará em duas semanas.

Ou o dito investidor entra rapidamente ou o Sporting passará este ano a gerir faturas mensais. Mas passando este ano, e se o plano pegar, o Sporting começa finalmente a reerguer-se de uma situação calamitosa. Nessa altura, alguém terá de fazer uma vénia a Godinho. E perguntar a quem lá andou antes como desbaratou tanto dinheiro para tão fracos resultados. Godinho só não pode é ir lá para dentro chutar a bola para o sítio certo..."  

Pedro S. Guerreiro, Director do Jornal de Negócios